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Você já saiu às ruas de Teixeira de Freitas e teve a sensação de que a pandemia do novo coronavírus “acabou”? Bom, há quem diga que, para muitos moradores da cidade, o perigo nunca foi realidade.

Bares, centro comercial, festas particulares, som alto, máscaras no bolso (ou no queixo). Álcool em gel por mera conveniência. Uma grande parcela da população, simplesmente, desconsidera os números da covid-19 na “capital do Extremo Sul”.

Desde o dia 23 de março, quando foi emitido o primeiro boletim epidemiológico pela Secretaria Municipal de Saúde, até agora, o município registra 3.178 casos confirmados. No domingo (16), foram 15 novos registros. Já na quarta (12), foram 114, e no sábado (15), 126 em 24h.

O número de recuperados atual é de 2.501, o que representa  91,64 %, e, até esta última atualização, 29 pessoas estavam internadas nas redes pública e privada.

Mortes – Desde o dia 08 de junho, quando o município registrou os dois primeiros óbitos confirmados, já são 62 pessoas que perderam a vida por causa da doença – o que representa uma taxa de letalidade em 1,91 % do total de casos; número que varia constantemente, já que a conta é baseada na totalidade de casos registrados.

Mas, já houve taxa que se manteve igual ou acima de 2,0% por cinco dias, com pico em 2,1%. Taxas próximas à média do estado, que era de 2,04% no domingo (16) .

Com índice de isolamento social apenas em 37% (segundo dados disponibilizados pelo Estado), a população sai às ruas contando com túneis de desinfecção por ozônio recém-instalados, o Centro Municipalizado de Atendimento à Covid-19 e o hospital de campanha.

Aliadas ao estruturamento físico, medidas de enfrentamento contam ainda com toque de recolher em faixa de horário noturna, restrições e recomendações para o funcionamento do comércio.

Representantes da Segurança Pública de Teixeira de Freitas, incluindo a Polícia Militar, dão apoio para garantir a sua execução, que, por vezes, não é suficiente.

Segundo o secretário municipal de Segurança Pública e Cidadania, Raimundo Magalhães, desde o início da pandemia, a pasta tem atuado com a Guarda Municipal e reforço de fiscais de outras pastas, auxiliando equipes da Vigilância Sanitária para conter o desrespeito às medidas.

“No momento atual, continuam as medidas de restrição e de funcionamento do comércio. Há denúncias e o trabalho que já é recorrente. Está havendo notificações de descumprimento e encaminhamentos”, disse o secretário.

“O segmento mais problemático é o de bares e temos feito ações quando tem as aglomerações, e com resultados”. Ainda segundo o secretário, o inimigo maior é o vírus e não os empresários e o objetivo é que as pessoas se conscientizem das regras, passíveis de criminalização.

Quando houver descumprimento das medidas tomadas pelo Município, é possível ligar para:

  • Vigilância Sanitária (especialmente, estabelecimentos comerciais): 3011-0980;
  • Secretaria de Segurança Pública e Cidadania: 3011-2733;
  • Guarda Municipal: 9 9914-1962;
  • Aos fins de semana, é possível falar com agentes do Departamento de Trânsito: 9 9900-0153.

O Cicom 190 (Polícia Militar) também pode ser acionado em situações que possam ser enquadradas como descumprimento de medidas sanitárias e perturbação de sossego – por exemplo.

No entanto, há muitas reclamações por parte de moradores em diversos bairros de que os números para as denúncias ou não atendem, ou, os responsáveis não comparecem ao local para verificar os casos de aglomeração, e/ou, pertubação do sossego, sendo, para muitos, ineficaz o trabalho de fiscalização no município.

Há o relato de um teixeirense dando conta que, no sábado, 8 de agosto, havia muita aglomeração e pessoas sem máscara nos bares da região da rotatória da melancia. No momento, teria passado uma viatura da Polícia Militar, possivelmente, realizando uma de suas rondas, e nada fez quanto ao notável desrespeito às medidas de enfrentamento à covid-19 que ocorria nos locais.

Já nos postos de saúde, que concentram boa parte dos atendimentos iniciais nesses casos, segundo internautas, estariam sendo distribuídos apenas panfletos e a Notificação de isolamento a pessoas com sintomas de síndrome gripal. Populares reclamam que dão “nada além de papéis com orientações e avisam que se piorar, era pra procurar a UPA”, disse um leitor.

O mesmo internauta, por outro lado, relatou que, embora tenha havido “um desgaste” na ocasião do seu atendimento no PSF e ter se decepcionado por não ter sido lhe receitado nenhum medicamento – mesmo estando ele com “febre, perda de olfato, tosse e um pouco de cansaço”-, houve acompanhamento por parte da Secretaria de Saúde.

“Apesar desses problemas, fiquei sendo monitorado pela Secretaria de Saúde via WhatsApp todos os quatorze dias, e o agente de saúde do meu bairro também vinha ou ligava todos os dias”, relatou.

Procuramos a Assessoria de Comunicação da Prefeitura municipal, que nos informou o procedimento semelhante ao do internauta: “As Unidades Básicas de Saúde, quando identificam um paciente diagnosticado e confirmado com covid-19, é feito o monitoramento do paciente, com ligação, visita de agentes comunitários de saúde”.

OSollo também questionou sobre a ausência de receita médica para casos como o relatado à nossa Redação, e fomos respondidos pelo Município: “Quanto à prescrição de medicação, fica a critério de cada médico. A unidade Básica de Saúde não fornece cloroquina, nem com receita prescrita pelo SUS”, e detalhou como funciona em Teixeira de Freitas:

“O que acontece é que há um kit de medicamentos, sem cloroquina, no Centro Municipal de Atenção à Covid-19, onde alguns médicos prescrevem para qual paciente o kit deve ser administrado. O kit tem: azitromicina, vitamina D e ivermectina”. Ainda sobre a cloroquina, perguntamos se o medicamento é entregue, por meio de apresentação de receita, pelos PSFs, e fomos informados que não, “as farmácias entregam azitromicina”.

Ainda sobre a hidroxicloroquina, um dos nossos leitores informou que no PSF o profissional que a atendeu disse que não se sentia à vontade para receitar o medicamento sem a realização de um eletrocardiograma.

Quanto à indagação do Jornal OSollo sobre a existência de um protocolo no município e o uso da cloroquina, a informação oficial é que “não houve nenhum tipo de protocolo estipulado pela Secretaria Municipal de Saúde, e também não há nenhuma orientação para que os médicos não prescrevam o medicamento. Fica a critério de cada médico. O que a Secretaria de Saúde reitera é que faz o acompanhamento de todos os pacientes positivados com covid-19”.

Ainda sobre o atendimento nas unidades de saúde do Município, além da reclamação quanto ao que chamaram de despreparo de alguns profissionais, teixeirenses também relataram descaso no atendimento prestado na UPA. Há desde relatos de médico andando sem máscara até atendimentos onde o paciente com covid-19, já com muita falta de ar, é orientado a retornar para casa porque “os sintomas são assim mesmo”, sem nenhuma atenção ao quadro já agravado.

De todo modo, é importante pontuar que nenhum esforço das autoridades competentes surtirá efeito na cidade enquanto a preocupação não partir dos teixeirenses. Cabe a cada um se conscientizar e respeitar as medidas de enfrentamento da covid-19 para evitar a lotação de leitos, que é constante, e o número elevado de casos confirmados, afinal, ao contrário do parece, a pandemia ainda segue sem data de término, e Teixeira de Freitas precisa tratar do assunto com mais seriedade, pois 60 famílias choram a perda de um ente querido e este número pode aumentar, se não houver o respeito às normas.

 

Por: Vida Diária/OSollo

 

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