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Durante séculos o vinho foi considerado uma bebida apenas para a burguesia. Somente aqueles com condição financeira abastada tinham acesso a vinhos de alta qualidade, fosse pelo preço do produto ou pela condição sócio-econômica da população com baixa renda. Essa elitização do vinho foi algo extremamente prejudicial para o aumento do consumo da bebida, visto que pessoas mais simples não tinham (e muitas ainda não têm), coragem para pedir uma garrafa de vinho ou mesmo a carta em um restaurante, seja pelo medo do preço ou ainda pelo excesso de etiqueta a ele dado. Mas e hoje, todas as pessoas podem degustar um bom vinho? Todos os vinhos são caros? Quais os motivos que elevam tanto o preço de uma garrafa? E vinhos mais caros, são mesmo os melhores? Estas perguntas sempre são feitas por muitas pessoas. Vamos tentar responder a estas questões.

Primeiro quero te dizer que você não é obrigado a conhecer tudo sobre vinhos, especialmente as regras a ele aplicadas. O importante é que se você gosta de um vinho, o prazer ao degustá-lo venha acima de qualquer coisa. Claro, se você puder aprender um pouco sobre o assunto, isso te ajudará na escolha do produto e na maneira de consumir o mesmo. Mas não há regras engessadas neste mundo.

Existem vinhos dos mais variados preços. Alguns, apenas uma pequena parte da população mundial terá acesso a eles, seja pelo preço, pela quantidade produzida ou mesmo pela local onde foi produzido. Aliás, estes são alguns motivos que elevam o preço de alguns vinhos. Um artigo da revista Adega de agosto/2016 traz a seguinte citação: ..."Há algum tempo, uma pesquisa realizada pelo FMI concluiu que a cotação do vinho no mercado é tão sensível quanto a do petróleo e, por isso, os preços oscilam tanto".

 

Um dos motivos mais básicos e que todos conhecemos é a chamada Lei da Oferta e da Procura. Se temos um vinho com baixa produção e uma qualidade reconhecida, e ainda, a procura pelo mesmo é grande, certamente o preço será elevado. Um exemplo é o vinho da Domaine de La Romanée-Conti, produzido na região da Borgonha, no leste da França. Tem a classificação de Grand-Cru e é considerado um dos melhores vinhos da França e do mundo. São plantados apenas 1,8 hectares das uvas pinot noir, com as quais são produzidos, e apenas 6 mil garrafas por ano. Por vezes já foi considerado o vinho mais caro do mundo. Chega a custar até 90 mil reais uma garrafa de safra nova.

A tradição de um país, um determinado lugar, como Bordeux, Champagne e outros lugares no mundo, além das especificidades de cada terroir, também são fatores importantes que elevam o preço do vinho. Outro ponto são as pontuações dadas por críticos famosos no mundo, tais como: Robert Parker, James Suckling, a revista Descorchados, etc, além de concursos que premiam com medalhas alguns vinhos. Lembrando que para entrar nestes concursos é necessário pagar, e caro por isso. Então, cuidado com medalhas, isso não quer dizer que tal coisa será uma regra para que o vinho o agrade. Vinhos mais caros nem sempre são melhores. Deveriam ser, mas nem sempre o são. E cada pessoa tem seu próprio gosto e paladar.

 

Junte a estes motivos, os impostos e custo com transporte, seja local ou com importação, visto que as taxas de câmbio variam. O clima é outro fator que irá influenciar no preço, pois isso dirá se a safra foi boa ou nem tanto, e o preços do vinho sofrerão essa influência.

Tais motivos poderão ou não influenciar o preço do produto. Claro que o produtor irá se aproveitar de fatores como estes para aumentar os preços. Mas existem milhares de opções no mercado. Existem vinhos a 30 reais que são excelentes, assim como existem aqueles a 150, 200 reais que não agradam a muitos. Nem todos os vinhos (a grande maioria), não sofrem qualquer avaliação de críticos famosos, e nem por isso não são bons vinhos. Diria, sem sombra de dúvida, que há vinhos entre 30 e 100 reais que são espetaculares e que jamais sofrerão avaliação qualquer dos críticos famosinhos. Em meio a estas avaliações todas, o dinheiro garante nota altas e medalhas de ouro. Cuidado, pois você poderá se decepcionar ao pagar valores exorbitantes em um vinho famoso, muitas vezes mais medalhado que um general de guerra.

O mais importante é você comprar o vinho que sua condição financeira pode alcançar e sentir prazer ao degustá-lo, seja ele caro ou mais barato. Vale aquela máxima: O MELHOR VINHO É AQUELE QUE TE AGRADA.

 

Vaner Benetti

Sommelier Internacional FISAR/WSET 1

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