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Hoje vim aqui com um propósito, talvez até um pouco audacioso a princípio, mas necessário, válido e (arrisco dizer) urgente: fazer você repensar sobre a maternidade, sobre os sentimentos e desejos mais profundos de uma mãe.

Não estou me referindo a ficar discorrendo sob a mesma ótica já tão explorada de que ‘ser mãe é padecer no paraíso’, de que as ‘mães são heroínas’ e de que a ‘maternidade é uma dádiva’.

A maternidade é complexa, é profunda. Não é possível analisá-la de forma tão rasa. Quando nos tornamos "mães", começamos a entender que isso soa tão superficial que até paramos de usar isso em nossas falas.

Ter filhos é uma experiência que nos transforma em todos os sentidos. Muda a ordem de importância das coisas, nos faz rever prioridades, nos ensina a abrir mão de certas posturas e valores e a lutar com unhas e dentes pelo bem estar da nossa cria.

Ter filhos na sociedade em que a gente vive é literalmente uma forma de testar os limites de um ser humano.

Hoje a mãe moderna precisa saber de tudo. Precisa fazer o enxoval perfeito. Precisa ter parto humanizado. Precisa amamentar até dois anos no mínimo. Precisa parar de trabalhar pra ficar com o filho. Precisa trabalhar dobrado pra dar conta do filho. Precisa trabalhar como se não tivesse filhos e precisa ser mãe como se não tivesse que trabalhar. Precisa dar atenção para o parceiro. Precisa dar conta da casa.

Precisa sair com as amigas. Precisa fazer atividade física. Precisa lembrar de atualizar o currículo profissional, afinal, não se pode parar no tempo por conta da maternidade. Precisa saber um pouco sobre psicologia infantil, sobre pedagogia, sobre primeiros socorros, sobre quase tudo. Senão ela não é mãe suficiente, pois, uma mãe que se preze precisa viver em função de outra vida (ou de outras vidas).

Além do mais.... ‘‘a mulher nasceu para cuidar’’ (...). Só esqueceram de fazer surgir alguém para cuidar dela.

Quanto peso ainda será colocado sobre esses braços que já estão ocupados com um bebê?

Tanto se fala hoje em dia sobre empatia, sobre respeitar o olhar do outro, suas vivências e suas experiências de vida. E todos nós temos uma ideia pré-concebida sobre maternar.

Todos mesmo, até os que nunca pararam pra pensar nisso tem em seu inconsciente uma imagem sobre o que é ser mãe.

O grande dilema acontece quando nós, mães, acreditamos que para que façamos jus ao título de ‘boa mãe’, precisamos nos encaixar nessa imagem construída, cristalizada e imaculada de que mãe de verdade acolhe sempre, ama sempre, tem paciência sempre, sempre tem solução e resposta pra tudo. Até não termos mais.

Há um frase que eu acredito resumir bem o que vivenciamos na maternidade atualmente (que inclusive deu nome a um livro): “Eu era uma ótima mãe até ter filhos”. O encanto de repente acaba. E esse choque de realidade nos mantém durante muitos meses ou anos presas a um puerpério que parece infinito.

Um puerpério de valores, de indagações, de angústias, de tentativas, de renascimento. E agora? Quem acolhe essa mãe? Quem se arrisca a entendê-la e supri-la sob o ponto de vista dela, sob seus desejos e necessidades?

As mães estão adoecendo.

Elas precisam de ajuda, de suporte, de empatia de verdade. Acolher, escutar, amparar, envolver, respeitar, empoderar: esse é o papel da sociedade, da rede de apoio, do mundo para com as mães.

Hoje as mães não são heroínas simplesmente porque escolheram não ser. Conquistaram liberdades várias e não estão mais presas a tais estereótipos. Essas mães não só não querem ser heroínas, como também sabem que não precisam ser.

 

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Mariana Ferreira Pêgo

Consultora de Amamentação

Educadora Perinatal

Fonoaudióloga

Idealizadora do Oficio Materno Consultoria

Instagram: @oficiomaterno_consultoria

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