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Quando falamos sobre vinho, os assuntos não acabam jamais. Há sempre algo a ser tratado, discutido e aprendido. E há sempre quem acredite saber tudo sobre vinhos. E por essas e outras, sempre podemos cometer alguns erros em meio a este vasto assunto que é o universo desta sempre tão maravilhosa bebida. Muitas vezes, todos que entraram neste mundo, inclusive este que vos escreve, já cometeram um sem número de “pecados” ao comentarem algum tema sobre o assunto, visto que o excesso de glamourização e estabelecimento de mitos, como se fossem verdades absolutas, no que concerne à bebida, eram e continuam sendo alardeados pelo mundo. Nas próximas três semanas falarei um pouco sobre esses erros.

 

1 – Vinhos caros são bons e vinhos baratos são ruins.

Há muita gente, sejam iniciantes ou experientes, que compram vinhos pelo preço, acreditando que vinho bom é vinho caro. Vinhos caros deveriam ser, necessariamente, melhores, mas nem sempre o são. Lembre-se que existem os vinhos de entrada e os vinhos mais estruturados. Não faça comparações levando em consideração os preços destes vinhos. São propostas diferentes. Há uma frase muito usada hoje dia, que diz: vinho bom é aquele que me agrada. Então, descubra o que mais agrada seu paladar em termos de tipicidade do vinho, levando em consideração suas características, tipo de uva, etc., e beba aquilo que mais te trará prazer. Muitas vezes, o mais barato pode sair bem mais caro, mas em outras, vinhos caríssimos não vão te agradar e você poderia ter comprado outros com melhor preço e ter tido mais prazer. Fique de olho no custo-benefício.

 

2 – Julgar o vinho logo na primeira taça.

O Sommelier precisa analisar o vinho no restaurante logo no primeiro gole, a fim de se verificar se há algum defeito na bebida. E essa análise é para alguém com sentidos aguçados e experiente neste serviço. Para os enófilos, é importante dar tempo ao vinho no decanter, na garrafa ou na taça. Esperar que o vinho ofereça o que ele promete, sorvendo aos poucos o liquido na taça, e, se acompanhado de mais pessoas, aguardar que todos possam beber e assim fazer a análise do vinho em conjunto. Isso é mais justo com o vinho e agrega conhecimento a todos, quando podemos ouvir a opinião de quem está degustando.

 

3 – Beber o vinho apressadamente.

O vinho é uma bebida para ser consumida lentamente. Talvez seja uma das poucas bebidas, quiçá a única, que evolui após aberta e servida. Sorver o vinho apressadamente, tira a oportunidade de quem o consome, de sentir as mudanças que ocorrem na bebida ao longo do tempo. O vinho apresenta camadas de aromas diferentes ao longo dos minutos em que vai sendo oxigenado, nos permitindo a apreciação de forma mais ampla e prazerosa. Então, especialmente se o vinho for incrivelmente bom, se permita apreciar esse prazer de forma mais lenta.

 

4 – Sempre beber os mesmos tipos de vinhos.

A infinidade de vinhos que existem no mercado é tanta, que jamais, ainda que vivamos uma centena de anos, poderíamos conhecer todos eles. E essa diversidade é excelente, pois atenderá às mais diversas gamas de diferentes paladares. Ocorre que, muita gente, em especial os iniciantes (mas não se engane, pois há muita gente experiente, que diz só beber tal e tal vinho, os chamados bebedores de rótulos), no mundo do vinho, ao se depararem com um vinho que lhes agrada, começam a beber somente aquele vinho específico. Essa atitude tira uma grande oportunidade de se conhecer diferentes terroirs, novas cepas, regiões, climas variados e vinhos dos mais diversos países. Beber vinhos diferentes fará com que o enófilo amplie de forma exponencial sua experiência, o que o ajudará no momento de avaliar a qualidade e características de cada produto consumido. Inclusive, muitos deixam de conhecer os vinhos do Brasil em função disto, além de outros motivos.

 

5 – Manter a taça com vinho em excesso.

Pode parecer bobagem, mas a quantidade correta de vinho na taça, sem dúvidas, fará com que tenhamos uma degustação mais prazerosa. A taça, se cheia completamente, não permitirá que o vinho seja oxigenado melhor, pois não será possível girar o vinho para que este oxigênio aja e faça com que a bebida exale seus aromas de forma mais acentuada. Além disso, o vinho acabará por “esquentar”, pois ficará muito tempo na taça. Sirva apenas 1/3 da taça, pois isso permitirá a você girar o vinho, inclinar a taça para verificar a cor do vinho e demais características e te trará uma melhor experiência degustativa mais ampla e prazerosa.

 

Vaner Benetti

Sommelier FISAR/WSET 1

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